domingo, 8 de maio de 2011

"Se....


Se pudesse mudar a minha vida
Sem grandes sonhos
Com mulher filhos e netos
E caminhar tranquilamente para os bisnetos
Como eu gostaria de saber o resultado
das minhas decisões antes de exercer esse direito
E aí tomar outras que possivelmente chegariam a fim igual
Ou por ventura a um rapaz respeitável
com duas ou três amantes
Como eu gostaria de chegar a casa e ver
o cão que me abanava o rabo, como o dono da casa
e me vinha por as patas nas pernas para receber uma festa
Como eu gostaria de fazer uma vida "normal"
E fazer feliz a minha familia
Receber o respeito dos filhos e
Dos outros que de uma forma qualquer
Vivem a vida e morrem da mesma maneira que eu...
Ai se eu gostaria…

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Noite de estrelas


Estrela cadente

Sempre que olhamos o Céu,
podemos ver a maravilhosa imensidão do Universo.
Chegamos muitas vezes a pensar qual será a influência que
todos os Planetas têm na nossa vida,
na nossa maneira de ser, nas nossas decisões e opções.
Tentamos ler o Céu através de todos os sinais
que nos transmite e, talvez assim, seja possível
entendermos o que se passa na Terra.
Texto adaptado;
(J.B.)

sábado, 29 de janeiro de 2011

"Canção do bandido"



Ligo-te amanhã'
É a mais comum. Claro que, na maior parte das vezes, o ‘amanhã' nunca acontece. Porque é que prometem qualquer coisa que não têm a mínima intenção de cumprir? Pela razão pela qual a maioria de nós mente: para nos facilitar a vida, pelo menos naquele momento. Se dissessem: ‘olha, pedi-te o número de telefone porque me quero livrar de ti, mas não tenho a mínima intenção de te ligar, nem amanhã nem nunca' imaginem o terramoto. Assim safam-se airosamente, ainda dão mais uns beijinhos, a moça sai de cena com um sorriso nos lábios, eles nunca mais a vêem, e pronto, está o assunto arrumado.
Ou então, às 4 da manhã com a visão e o juízo meio toldados, até de facto têm intenção de lhe voltar a ligar e acham-na a mulher mais linda que jamais viram, mas no dia seguinte, não se sabe porquê, o encanto já se desvaneceu... É aquilo a que se chama o efeito Cinderela, só que ao contrário.



Vamos só ser amigos'
Nenhum homem quer ser ‘só amigo' de uma mulher. Ou melhor, os que querem ser só amigos limitam-se a ser só amigos e nem sequer falam no assunto, porque para eles nunca está em causa que possam vir a ser mais do que amigos. Quando de facto levantam a lebre, na verdade estão a dizer ‘olha, eu digo-te que vamos ser só amigos para te acalmar e te fazer confiar em mim e revelar-me os teus segredos mais escuros
mas assim que te apanhar desprevenida, vais ver o belo amiguinho' que eu vou ser!!!
(Texto extrído)
JB.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Espírito de Natal

Estava o Senhor Teotónio, que era rico, muito gordo e grande fumador de charutos, a carregar o carro com os presentes que passara a manhã a comprar para os filhos, para os sobrinhos e para as muitas pessoas com quem fazia negócios, quando se aproximou dele um homem pobre, idoso e magro, que prontamente obteve dele esta resposta: — Comigo não perca tempo porque não tenho dinheiro trocado, nem alimento falsos mendigos. — Mas eu não lhe pedi nada — respondeu o homem idoso serenamente, com um sorriso que desarmou o Senhor Teotónio e a sua bazófia de novo-rico. — Então se não me quer pedir nada, por que motivo está tão perto de mim enquanto eu carrego o meu carro? — perguntou o Senhor Teotónio entre duas baforadas de charuto que fizeram o homem idoso e magro tossir convulsivamente. — Estou aqui, meu caro senhor — respondeu ele, já refeito da tosse — para tentar perceber o que as pessoas dão umas às outras no Natal. — Com que então — concluiu ironicamente o Senhor Teotónio, grande construtor civil com interesses de norte a sul do País — temos aqui um observador! Deve ser, certamente, de uma dessas organizações internacionais que nós pagamos com o nosso dinheiro e que não sabemos bem para que servem. — Está muito enganado. Mas já agora responda à minha pergunta: o que é que as pessoas dão umas às outras no Natal? — insistiu o homem pobre, idoso e magro. — Bem, se quer mesmo saber, eu digo-lhe. Quem tem posses como eu pode comprar uma loja inteira, deixando toda a gente feliz, a começar nos comerciantes e a acabar nas pessoas que vão receber os presentes. Quem é pobre como você fica a assistir. Percebeu a diferença? O homem magro e idoso reflectiu uns instantes sobre a resposta seca e sarcástica do Senhor Teotónio e depois respondeu-lhe com uma nova pergunta: — Então e o espírito do Natal? — O que vem a ser isso do espírito do Natal? — quis saber, cheio de curiosidade, o Senhor Teotónio. — O espírito do Natal — respondeu o homem idoso e magro — é aquilo que nos vai na alma nesta altura do ano e que está muito para além dos presentes que damos. Para muitas pessoas, o melhor presente pode ser um telefonema, uma carícia ou um telefonema quando se está só. — Era só o que me faltava agora — desabafou, enfastiado, o Senhor Teotónio, enquanto arrumava os últimos presentes na mala do automóvel — ter agora um filósofo, ainda por cima vagabundo, para aqui a debitar sentenças. O homem magro e idoso afastou-se do carro, mostrando que não queria esmolas nem qualquer outra coisa que lhe pudesse ser dada pelo Senhor Teotónio, e encaminhou-se para um grupo de crianças que o esperavam. Quando o Senhor Teotónio passou por eles no carro, ouviu uma voz de criança a dizer: — Vamos, Espírito do Natal, porque hoje ainda temos muito que fazer. Dizendo isto, o grupo ergueu-se no ar a esvoaçar com destino incerto, largando um pó luminoso enquanto ganhava altura no céu cinzento de Dezembro.
(JB)
José Jorge Letria
Texto adaptado